O fim do século XIX trazia à Europa e à América o fulgor da transição das artes clássicas para as artes modernistas e sua repercussão se deu em diferentes lugares e com diferentes nomes: Modern Style na Inglaterra, Sezession na Áustria, Jugendstil na Alemanha e países escandinavos, Liberty, nos Estados Unidos, Florale, na Itália, Modernismo, na Espanha e Art Nouveau na França e na Bélgica (em questão). Diferentes nomenclaturas para uma similar tendência à busca de um refinado meio de se explorar materiais, técnicas e imageabilidade.
Com as mudanças nas artes visuais e com a nova força das artes aplicadas, novos conceitos surgiram, dentre os quais, o arquiteto belga Victor Horta se destacava como grande vanguardista, já que produziu uma arquitetura bastante peculiar, sem antecedentes na história.
Dentre os marcos de seu traço inovador, Horta produziu, logo em seu segundo trabalho de arquitetura, a Casa Tassel [nota: Hotel Tassel, em Neerlandês], cuja força visual já salta em sua fachada, que foi a primeira obra do conjunto de quatro edificações vizinhas do arquiteto (onde em uma delas está a casa que serviu-lhe de residência e ateliê – hoje um museu) e difere visualmente de seu primeiro trabalho residencial (a Maison Autrique) por ser esta menos ousada, com uma fachada sutilmente neoclássica e com um interior que usava de elementos típicos da época.
“Hotel Tassel” foi, de fato, um choque com o tradicional. Sua organização, dividida em três partes diferentes, das quais duas eram constituídas de tijolos e pedras naturais e a outra, uma fachada curva com um jardim que misturava elementos de carpintaria, trabalhos em mosaicos e detalhes de metais e vidro em micro escala (a exemplo do trabalho das maçanetas e corrimões).
Na fachada são criadas ondulações a partir de paredes côncavas e convexas rompendo com o ritmo. Sobre tudo destaca a assimetria das janelas e dos vãos, sendo que essa é uma característica muito marcante do movimento. Porém a assimetria da fachada não possui nenhum papel ou função, sendo somente decorativa (transposição estética para o telespectador). As janelas tornam-se um apelo decorativo, distribuindo-se em toda a fachada de forma irregular (distintos tamanhos, formas, alturas, etc.). Elas enfatizam os pontos de vista, com superfícies curvas (estas normalmente estão bastante decorados com relação ao resto da fachada).
No seu interior uma das características do edifício é a quebra do espaço interno, onde já não há uma necessidade de seguir as linhas tradicionais com uma sala e quartos ao lado. A distribuição da casa foi a gosto do arquiteto, pois com as paredes de betão não são mais necessárias as colunas. O interior é dominado por linhas curvas, acenando para as formas de plantas, tão características. As escadas também são altamente decoradas com essas formas onduladas, seus degraus de madeira natural são sustentados por uma estrutura de metal que a liga as demais salas e andares, a cúpula de vidro é cheia de cores vivas proporcionando uma iluminação zenital o que deixa o centro do edifício iluminado. O espaço interno tenha uma harmonia onde toda a decoração possui um estilo comum, inclusive o mobiliário. No mais a casa Tassel é dividida em três partes: dois edifícios ligados por uma estrutura de metal revestida por vidro.
Uma vez concluida em 1894, Horta trabalhou por mais alguns anos no projeto dos móveis da mesma, algumas pequenas alterações foram feitas, provavelmente a pedido de Tassel. Depois de um tempo foi ocupada pela casa de Moda Hotel Tassel em 1956, o que violou o desenho original em alguns aspectos. Em 1976 foi classificado como um monumento pelo Decreto Real, no mesmo ano que o arquiteto Jean Delhaye comprou a propriedade com a intenção de restaurar o seu esplendor original, que teve seu inicio em 1982.
Em 2000, o Hôtel Tassel foi declarado Património Mundial pela UNESCO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário